sábado, 15 de junho de 2013

Depois do Espetáculo Futebolístico, quem pagará a conta?

O Brasil não é só o país do futebol. Não vive só de futebol. É, também, o país da miséria e da secura nordestina, da violência pela violência, do caos político, do descaso com a educação, da deficiência estrutural e dos que sofrem por não terem uma saúde digna, além de uma grande desigualdade social, das favelas, da aflição do crack, da corrupção dos políticos, etc. Agora, com a Copa das Confederações, e com os preparativos da Copa do Mundo, tudo se volta para comemoração e festa... Agora, com esses espetáculos do futebol, vamos esquecer, para o bem de poucos, o que realmente somos: um povo sofrido e esperançoso e, infelizmente, iludido. O nosso futuro como nação não será melhorado, e não trará nada de bom para o povo, simplesmente com os títulos de campeões da Copa das Confederações ou da Copa do Mundo. 

Há outras prioridades antes disso. Há outra conta a se pagar antes dessa. Não quero que meu país vença os outros sendo reconhecido por ser bom de futebol e sim por ser grande para seu povo com ótimos níveis de investimentos em áreas essenciais e básicas. Quero que meu país seja visto internacionalmente como um país líder em tudo que seja bom para seu povo. Quero educação, qualidade na saúde, transportes eficientes, destaques positivos em IDH e por aí vai... Quero ouvir que não só a taça do mundo é nossa, mas sim o futuro digno e que seremos uma grande nação. Quero reconhecimento de todos como cidadãos e honestidade na política. 

Isso tudo é que quero para meu Brasil. De que vale sermos campeões no futebol com o sofrimento e sacrifício dos brasileiros? Investimentos devem ser usados para a qualidade de vida de todos nós e não para “inglês ver” ou em obras faraônicas inúteis, como esses estádios construídos para serem desfrutados por poucos. Somente há pouco tempo nos descobrimos como nação em pleno desenvolvimento e já entramos nessa de bancar uma Copa das Confederações e do Mundo, gastando o pouco que conseguimos na largada do nosso crescimento. Por quais consequências teremos que passar, nos tempos que virão, por causa dessa euforia de mostrarmos para as outras nações o que estamos começando a ser e ainda nem somos? No final, quem pagará essa conta? Esses “circos” que estão por acontecer podem até deixar a população eufórica, distraída e cega por um tempo, mas eles passarão. E, então, veremos, a nos atormentar e afligir,o que deixamos de ver. Esses campeonatos são ótimos, na verdade, para as empresas enriquecerem com o investimento estatal, muitas delas multinacionais que levarão os lucros para fora. 

Cada gol que nossa seleção fizer será comemorado e, depois, lamentado, quando enxergarmos a realidade que deixamos de ver. Os olhos da maioria se voltarão para o campo, para o espetáculo, deixando de lado o que importa, realmente, para nós. De nada nos adiantará como nação mais um título futebolístico...Uma taça não representa educação, saúde, segurança e nem felicidade de um povo. Não sou contra o futebol, torço pela minha seleção. Sou contra o momento escolhido para tudo isso. Penso que, primeiro - e antes de qualquer espetáculo que nos distrai da dura realidade brasileira - deva acontecer a afirmação de nosso país como uma nação desenvolvida, que alegra seu povo oferecendo qualidade satisfatória de vida.


Nenhum comentário:

Postar um comentário