Achei muito interessante e, ao mesmo tempo, descabida, a
declaração do presidente da FIFA, Joseph Blatter, de que a Copa das Confederações,
no Brasil, foi uma das melhores do mundo. Realmente, para esse órgão
internacional, deve ter sido. Foram usados altos investimentos, para que a
FIFA, por aqui, fizesse seu espetáculo. Pelo jeito, tal sujeito não se importou
nem um pouco com as manifestações e descontentamento de nosso povo, com os
sacrifícios impostos aos brasileiros, para que tudo fosse uma maravilha.
Durante a Copa das Confederações nosso país ficou dividido
entre os que desfrutaram do espetáculo e a grande maioria da população. Essa
ficou às margens, na mesma situação em que por aqui vive e que, pelo jeito
continuará a viver. Os membros da FIFA e os jogadores das seleções e turistas
vivenciaram um país disfarçado de primeiro mundo. Estádios magníficos, serviços
de saúde e segurança desmedida e de alto nível.
A revolta do povo não prejudicou o circo armado, apenas houve
uma conscientização da força das mobilizações sociais que arranhou o prestígio
do governo e dos políticos em nosso país. A população mostrou seu
descontentamento e que quer mudanças. Enquanto isso, o governo, nossa
presidente, acenou com um plebiscito para enganar a todos nós. Não vejo
necessidade para tal, visto que, pelas mobilizações, o povo já demonstrou o que
quer e espera dela e de sua administração. Esta consulta popular acarretará
gastos que poderiam ser investidos na saúde, por exemplo.
Acredito que o governo quer ganhar tempo, já que a Copa do
Mundo será no ano que vem. Fico indignado, quando dizem que essas copas
trouxeram empregos. Mas, se os investimentos fossem usados com
responsabilidades em obras sociais, teríamos também vagas. Os empregos seriam
em maior número e mais duradores.
Amanhã, acaba este espetáculo. Veremos quais benefícios
trouxe para o nosso país. Acredito que nenhum. Segunda- feira, a população irá
continuar com os mesmos problemas sociais: saúde, educação, segurança,
infraestrutura, e por aí vai...tudo igual, deficitário e caótico.