quinta-feira, 6 de junho de 2013

Tragédias Anunciadas


Foi lamentável o desfecho do cárcere privado que ocorreu na cidade de Sapucaia do Sul, tendo durado em torno de 20 horas. A mulher está hospitalizada em estado grave e o agressor acabou se matando. Ela possuía medidas protetivas contra ele. Havia procurado a Delegacia de Polícia, registrado BO contra o ex- companheiro e solicitado medidas protetivas, o que foi concedido pelo Judiciário. Mas, ao ser procurada por ele, que dizia estar deprimido, e precisando conversar com ela, acabou cedendo, permitindo a entrada dele em sua casa. E deu no que deu. A lei Maria da Penha, assim como a medida protetiva, existe, justamente, para preservar a vítima. Se a mulher que sofreu a violência doméstica, para sua proteção, solicitou tais medidas é porque a situação estava insuportável e já se anunciava uma tragédia em sua vida. O Estado não tem condições humanas para dar proteção à mulher nas 24 horas do dia. A Brigada Militar, inteligentemente, criou, há alguns dias, a patrulha Maria da Penha. Esse serviço, já disponibilizado em algumas cidades, e que será implantado em outras, tem como objetivo fornecer segurança para a mulher. Uma viatura visita as vítimas e vê se tudo está bem. A maioria das Delegacias de Polícia, onde não há uma específica para o atendimento da mulher, possui postos ou cartórios para isso. O judiciário e o MP, também, estão comprometidos com a segurança da mulher, vítima da violência praticada por seus maridos, companheiros ou namorados. Voltando à situação de Sapucaia do Sul, acredito que a Brigada Militar agiu certo, fez de tudo para preservar as vidas, neste caso. Mas, o que o agressor acabou fazendo não podia ser previsto. Tanto é assim que, quando os policiais invadiram o local, ainda conseguiram salvar a mulher que se encontrava em risco de vida. Os homens, que assim agem, veem suas mulheres como objetos que lhes pertencem e com elas podem fazer o que quiserem. As coitadas se cansam da situação em que vivem e acabam dando um basta para a vida infeliz que levam. E eles não desistem facilmente. Alguns, em um primeiro momento, tentam mostrar que estão arrependidos e, como nada conseguem, partem para as ameaças. Como elas, agora querem recomeçar suas vidas, serem felizes, o agressor se sente incomodado com isso e acabam as matando, em alguns casos. A toda hora, tomamos conhecimento dessas tragédias que nos mostram que estavam sendo anunciadas. Basta olhar os históricos desses fatos. Ninguém é propriedade de alguém. O que mantém uma relação amorosa saudável é o respeito e o amor. Se um acaba, a relação não dará mais certo e ambos têm o direito de recomeçarem suas vidas. Em briga de marido e mulher...devemos sim meter a “colher” para salvar vidas, dar uma oportunidade para a vítima poder seguir com sua vida.


publicada no Jornal Ibiá- Montenegro RS, 07/06/2013, pg 4

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